sexta-feira, 6 de fevereiro de 1970

Primeira Botica na Paróquia de São José do Congonhal - 1886.

Botica era como chamava-se farmácia antigamente. O boticário ou apotecário foi por muito tempo e é até hoje, a única opção de medicina para vilarejos inteiros, longe dos grandes centros, isto não era diferente em 1886 na Paróquia de São José do Congonhal, onde o então comerciante Evaristo Valdetaro e Silva abriu sua Botica. Produtos com fins terapêuticos podiam ser comprados nas boticas. Geralmente, o boticário manipulava e produzia o medicamento na frente do paciente, de acordo com a farmacopéia e a prescrição médica. Neste período, a medicina e a farmácia eram uma só profissão.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 1970

Freguesia de São José do Congonhal 1884

Nos últimos 10 anos foram construídos cerca de 50 casa, subindo hoje, aproximadamente, a 80 o número delas.
Almanach Sul-Mineiro - Segunda Edição para 1884
Pela lei número 2242 de 26 de junho de 1876, ficou criado o distrito de paz em São José do Congonhal, cabendo á câmara municipal a marcação das divisas, e pela Lei número 2650 de 4 de Novembro de 1880, foi o distrito elevado á categoria de paróquia.
Não há no lugar, quem possui grande patrimônio, suas ruas são alinhadas e com a largura de 50 palmos, há um só chafariz, mas há água em abundância, sendo fácil levá-la a todas as casas.
Só há uma escola pública para o sexo masculino, tendo a frequência de 20 alunos. Para o sexo feminino ainda não foi criada aula, o que constitui uma falta digna de ser sem demora reparada.
O cemitério é fechado com muro de taipa e está em boas condições de conservação.
É bom e laborioso o povo do lugar, que não é indiferente á qualquer melhoramento que se queira fazer na freguesia, que muito deve á dedicação e esforços dos cidadãos Joaquim Ferreira de Mattos, Francisco de Assis Coutinho e toda sua digna e numerosa família, e ao respeitável Comendador José Ferreira de Mattos.
O clima do lugar goza de boa reputação, contando-se na freguesia 8 ou 10 morféticos.
Dissemos em 1874 que tudo nos fazia crer que o Congonhal continuaria a progredir e que seria em breve uma florescente freguesia. Os fatos vieram provar que não nos iludimos, pois hoje é real esse progresso que vai em aumento, assim como a população da localidade, que pertence á comarca eclesiástica de Pouse Alegre.
A freguesia, que nada tem recebido dos cofres públicos, tem 4 léguas de extensão de Norte a Sul e 5 de Leste a Oeste. É montanhosa e coberta de matas a maior parte do terreno, em que cai bastante geada.
Ainda se encontra alguma madeira de lei, vendendo-se a, dúzia de táboas de pinho e peroba a 14$ e de cedro a 24$000.
A cana é a cultura mais usada, havendo em começo uma plantação de café, que já excede a 20000 pés. Cultiva-se também o fumo e grande abundância de cereais. Faz-se exportação de muitos porcos e algum gado para a corte, fabricando-se alguma cera para o consumo do lugar.
Existe na povoado uma modesta fábrica de chapéus, pertencente ao cidadão Joaquim Antonio Martins, que exporta para diversos pontos o produto do seu estabelecimento.
Os trabalhadores de roça têm a diária de 800 réis e 1$ e os pedreiros e carpinteiros a de I$500 e 2$5000.
A importação anual é de cerca de 40:000$, pagando-se pelo transporte de cargas de Pindamonhangaba (estação mais próxima, até aqui, 1$100 por arroba.
Mata-se 1 e 2 rezes por semana, vendendo-se a carne com osso a 4$ a arroba. Um carneiro custa 3 e 4$, 1 frango 200 a 320 réis, uma dúzia de ovos 120 réis, 1 garrafa de leite 80 réis, 1 saca de sal·4$ e 5$, 1 arroba de açúcar branco 8$, 1 carro de lenha 2$, de pedra 1$300 a 1$500, l alqueire de cal, de Lavras, 3$500, 1 arroba de ferro 6$; sendo o aluguel das casas de 4$ a 8$ mensais.
O estafeta que de Pouso Alegre vai a Caldas toca de 6 em 6 dias nesta freguesia, onde há uma agência de correio.
A leste da povoação, e a 5 léguas, está Sant'Anna do Sapucahy, passando-se a 2 léguas o rio cervo e a serra de Sant'Anna a 3 léguas; á Sudeste, e a 2 1/2 léguas, Pouso Alegre, sede do termo; ao Sul e a 3 l/2 léguas, Borda da Matta, passando-se a 1/4 de légua o ribeirão São José e o Mandú a 3 léguas; ao Oeste e a 8 léguas, Santa Rita de Cássia de Caldas, passando-se o Cervo quase no Congonhal, o riacho São Bento a 7 1/2 léguas e o rio Claro na povoação de Santa Rita.

Principais atividades exercidas pela população da freguesia de São José do Congonhal no ano de 1884.
Municipalidade: José Caixeta de Guimarães, Fiscal.
Justiça: Comendador José Ferreira de Mattos, 1° Juiz de Paz. Major João Bazilio da Costa Pinto, 2° dito. Joaquim Ferreira de Mattos, 3° dito. Alferes Joaquim Rodrigues Barreiro, 4° dito. Tristão Franco de Godoy Leite, Escrivão. Firmino de Paula Machado, Oficial de justiça. João Moreira Bessa, Oficial de justiça.
Policia: Antonio Caetano de Oliveira, Sub-Tenente. Amador José de Gouveia, 1° Suplente. José Mariano da Silva, 2° dito. Alfredo Mariano de Barros, 3° dito. Tristão Franco de Godoy Leite, Escrivão.
Correio: Capitão Antonio Francisco da Costa. Agente.
Instrução Publica: Marjor João Bazilio da Costa Pinto, Delegado. Tristão Franco de Godoy Leite, Professor.
Matriz: Padre Candido Cypriano da Rocha Conto, Padre, Vigário. José Caixeta Guimarães, Sacristão.
Negociantes e Profissionais
Açougues: Antonio Caetano de Oliveira. Silvério Coutinho Pereira.
Alfaiate: José Candido de Andrade.
Capitalistas: Vigário Candido Cypriano da Rocha Conto. Major João Bazilio da Costa Pinto. Joaquim Dias de Oliveira. Joaquim Hermenegildo Pereira. José Pedro de Oliveira.
Chapéus, Fabricante de:  Joaquim Antonio Martins.
Fazendas, etc. Negociantes de: Antonio Francisco da Costa. Frederico Mendes de Oliveira. Manoel Vieira Bettencourt & Irmão.
Fazendeiros: Com engenho de serrar. Frederico Mendes de Oliveira. José Bernardino Franco. Comendador José Ferreira de Mattos.
Fazendeiros: Com engenho de tração animal: Benedicto de Paula Pereira. Major João Bazilio da Costa Pinto; João Camillo Rodrigues. Joaquim Dias de Oliveira. Joaquim Ferreira dos Santos. Joaquim Hermenegildo Pereira. Joaquim José Ribeiro; Comendador José Ferreira de Mattos. José Florencio Coutinho. José Francisco Mariano da Silva. José Mariano da Si1va. José Mariano da Silva Primo. Luciano Manoel Coimbra. Mariano Luiz Ferreira. Miguel da Costa Lima. Mizael da Costa Lima. Pedro Vaz de Lima. Polydoro Alves da Fraga. Silvestre Ribeiro da Costa.
Ferradores: José Moreira Bessa. Manoel Luiz Lemes.
Ferreiros: Antonio Alves Ferreira. Antonio Luiz Lemes. Manoel Luiz Lemes. Quintino Alves Ferreira.
Fogueteiro: João Camillo Rodrigues.
Molhados, etc. Negociantes de: Jordão de Barros Cobra. José Joaquim Ferreira de Mattos. José Joaquim de Souza. José Luiz da Fraga. José Mariano da Silva Primo. Manoel Vieira. Bettencourt & Irmão. Rosaria Maria da Conceição, D.
Olarias: Antonio Ferreira dos Santos. Antonio de Paula Pereira. Benedicto de Paula Pereira. Conrado Ferreira de Mattos. Francisco Ferreira dos Santos. João Bicudo de Siqueira. João Camillo Rodrigues. João Marques de Andrade. Joaquim Paulo da Silva. Manoel Joaquim Pereira.
Rancheiro: Jordão de Barros Cobra.
Sapateiros: Adrião Pereira do Lago. Firmino de Paula Machado.
Selleiros:  Firmino de Paula Machado. José Moreira Bessa.
Tropeiros: Estevão Vaz de Lima. João Vaz de Lima. Joaquim Rodrigues Lydi. José Luiz da Fraga. Luciano Manoel Coimbra. Manoel Gomes de Lima. Polycarpo Gomes de Lima.
Velas de cera, Fabricantes de: Candido Coutinho de Gouveia. Manoel José Machado.

Referência: VEIGA, Bernardo Saturnino da. Almanach Sul-Mineiro - Segunda Edição para 1884 - <<http://memoria.bn.br/DocReader/213462/848>>.