quinta-feira, 3 de abril de 1980

1.3 - Villa Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará - Região Central – Fundada em 1711

A história de Sabará tem suas raízes nos primórdios da colonização do Brasil e está intimamente relacionada à lenda do sabarabuçu, região de limites. O sabarabuçu fervilhou na imaginação dos colonizadores, que buscavam no sertão “uma serra feita de prata e pedras preciosas”.
O sertanista paulista capitão Matias Cardoso de Albuquerque foi eleito, por Fernão Dias Paes, o lider da equipe de vanguarda da Bandeira das Esmeraldas. Seu objetivo era preparar o caminho, abrir picadas implantar roças e pouso.
Matias de Albuquerque encontrou um local favorável para a implantação de roças, com fonte de água, livre de perigo das enchentes e um ponto de travessia do rio a pé. Assim, Sabará passou a ser local de pousada para a travessia do sertão.
Em 1674, chegou à região a bandeira de Fernão Dias Paes, dando início ao que tornar-se-ia o mais importante arraial fundado pelo bandeirante paulista. 
 Formaram um arraial, elevado a freguesia em 1707, a vila em 1711 com o nome de Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará e por fim à cidade desde 1838. 
Sabará foi um dos primeiros povoamento de Minas Gerais. A elevação à Vila veio na mesma época de Vila Rica (Ouro Preto) e Vila do Carmo (Mariana). As primeiras expedições chegaram a Sabará por indicação dos índios que contaram aos bandeirantes paulistas sobre um local que povoava o imaginário coletivo da época, o Sabarabuçu, (hoje Serra da Piedade), cuja fama era de possuir, em abundância, ouro e outros metais preciosos.
A indicação correu a colônia e a movimentação de exploradores no Caminho de Sabaraçu, que ligava Sabará a Ouro Preto, deu origem ao Arraial da Barra do Sabará. Começando a prosperar, o arraial chamou a atenção de Portugal e foi elevado a Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, incorporando outros arraiais vizinhos.
Habitada por escravos, senhores de minas, barões, aventureiros, representantes da Coroa e indígenas no século 18, Sabará era o retrato da intensa corrida pelo ouro no Brasil. Por causa de tanta movimentação, Portugal ordenou que ali fosse instalada a Casa de Intendência e Fundição – local onde se pagava o Quinto, ou seja, 20% de tudo o que fosse encontrado nas minas, e onde o ouro era transformado em barras, nas quais se colocava o timbre da Coroa. A Vila se mostrava tão rentável para a extração aurífera que D. Pedro I a classificou como “fidelíssima”.
O resultado de tanta história encontra-se à disposição dos turistas. A cidade é formada por um conjuntos arquitetônicos e 19 bens culturais tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), quatro deles protegidos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico - Iepha, e 23 obras tombadas pelo Município. Entre os templos mais destacados de Sabará estão a Matriz da Senhora da Conceição e a capela de influência oriental dedicada à Senhora do Ó. Na Igreja da Ordem Terceira do Carmo trabalharam o Mestre Aleijadinho e outros contemporâneos, como Francisco Vieira Servas. A Rua Direita, principal artéria da vila, conservou a arquitetura colonial de sobrados e casarões.
A ligação entre Belo Horizonte e Sabará vai muito além da proximidade geográfica. Além de contar parte do nascimento de Minas Gerais, Sabará contribuiu muito para a formação do então Curral del Rey. A linha de ferro que une as duas cidades foi criada com o intuito de fornecer alimentos e outros materiais que ainda eram escassos na recém-inaugurada capital.

O mapa está disponível em: 1927_03_MG Município de Sabará .

© Direitos de autor. 2024: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 16/07/2024

quarta-feira, 2 de abril de 1980

1.2 - Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto - Região Central – Fundada em 1711

Antes da chegada dos colonizadores de origem europeia no século XVI, toda a região atualmente ocupada pelo estado de Minas Gerais era habitada por povos indígenas que falavam línguas do tronco linguístico macro-jê.
A origem de Ouro Preto está no arraial do Padre Faria, fundado pelo bandeirante Antônio Dias de Oliveira, pelo Padre João de Faria Fialho e pelo Coronel Tomás Lopes de Camargo e um irmão deste, por volta de 1698.
A elevação de Ouro Preto a vila se deu em 8 de julho de 1711, por meio da fusão de diversos arraiais, fundados por bandeirantes, tornando-se sede de concelho, com a designação de "Vila Rica", sendo o Governadores da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro na época: Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho.
Inicialmente o nome era Vila Rica de Albuquerque e depois Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto.
Em 1720 foi escolhida para capital da nova capitania de Minas Gerais. Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por D. Pedro I do Brasil, tornando-se oficialmente capital da então província das Minas Gerais e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. Em 1839 foi criada a Escola de Farmácia e em 1876 a Escola de Minas. Foi sede do movimento revolucionário conhecido como Inconfidência Mineira. Foi a capital da província e mais tarde do estado, até 1897. A antiga capital de Minas conservou grande parte de seus monumentos coloniais e em 1933 foi elevada a Patrimônio Nacional, sendo, cinco anos depois, tombada pela instituição que hoje é o IPHAN. Em 5 de setembro de 1980, na quarta sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, realizada em Paris, Ouro Preto foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade.
Nenhum outro município brasileiro acumulou tantos fatos históricos relevantes à construção da memória nacional como este vasto município. Destacam-se, como marcos importantes da história brasileira:
  • Última década do século XVII e princípio do XVIII - clímax das explorações paulistas, sendo descoberto o "ouro preto";
  • 1708 - Guerra dos Emboabas; os atritos entre paulistas e 'forasteiros' atinge o ponto alto no distrito de Cachoeira do Campo;
  • 1720 – Revolta liderada por Filipe dos Santos; motins contra o Quinto da Coroa Portuguesa;
  • 1789 - Inconfidência Mineira; confabulação entre determinados segmentos da sociedade mineradora de então para tornar Minas livre do jugo português. 
A  Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, é uma das edificações católicas mais conhecidas entre as que foram erguidas durante o ciclo do ouro. A devoção de Nossa Senhora do Pilar foi trazida provavelmente de São Paulo, na bandeira de Bartolomeu Bueno, tendo a imagem sido entronizada na primitiva capelinha que antecedeu o templo. A presente Igreja foi construída em torno de uma capela erguida a partir nos primeiros anos do século XVIII, e ampliada em 1712 com recursos dos devotos, embora as intervenções principais tenham seguido até o final do século. Segundo consta nos registros, a construção foi incentivada pelo próprio governador.
A Paróquia do Pilar foi a mais rica e populosa em Vila Rica, já que reuniu o maior número de irmandades e, por isso, a Matriz recebeu mais ornamentos em preparação para uma "boa morte". As irmandades tinham lugares específicos dentro do templo, uma forma de representar e expressar a hierarquia social dos fiéis. O Livro de Compromissos relacionava a participação da Irmandade do Santíssimo Sacramento (1712), além da de Nossa Senhora do Pilar (1712), São Miguel e Almas (1712), Rosário dos Pretos (1715), Senhor dos Passos (1715), Sant'Anna e Nossa Senhora da Conceição.
Na sacristia está o Museu de Arte Sacra do Pilar, que reúne cerca de 8 mil peças dos séculos XVII ao XIX,[10] além de documentos e algumas das vestimentas usadas na celebração do Santíssimo Sacramento e Semana Santa.

O mapa está disponível em: 1927_02_MG Município de Ouro Preto  .

© Direitos de autor. 2024: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 16/07/2024

terça-feira, 1 de abril de 1980

1.1 - Vila de Nossa Senhora do Carmo - Região Central – Fundada em 1711

 Primeira capital, primeira vila, sede do primeiro bispado e primeira cidade a ser projetada em Minas Gerais. A história de Mariana, que tem como cenário um período de descobertas, religiosidade, projeção artística e busca pelo ouro, é marcada também pelo pioneirismo de uma região que há três séculos guarda riquezas que nos remetem ao tempo do Brasil Colônia. 
Em 16 de julho de 1696, bandeirantes paulistas liderados por Salvador Fernandes Furtado de Mendonça encontraram ouro em um rio batizado de Ribeirão Nossa Senhora do Carmo. Às suas margens, nasceu o arraial de Nossa Senhora do Carmo, que logo assumiria uma função estratégica no jogo de poder determinado pelo ouro. O local se transformou em um dos principais fornecedores deste minério para Portugal e, pouco tempo depois, tornou-se a primeira vila criada na então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Lá foi estabelecida também a primeira capital. 
Em 1711 o arraial de Nossa Senhora do Carmo foi elevado à Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo. 
Em 1745 o rei de Portugal, Dom João V, elevou a vila à categoria de cidade, nomeada como Mariana, uma homenagem à rainha Maria Ana D’Austria, sua esposa. Transformando-se no centro religioso do Estado, nesta mesma época a cidade passou a ser sede do primeiro bispado mineiro. Para isso, foi enviado, do Maranhão, o bispo D. Frei Manoel da Cruz. Sua trajetória, realizada por terra, durou um ano e dois meses e foi considerada um feito bastante representativo no Brasil Colônia. Um projeto urbanístico se fez necessário, sendo elaborado pelo engenheiro português militar José Fernandes Pinto de Alpoim. Ruas em linha reta e praças retangulares são características da primeira cidade planejada de Minas e uma das primeiras do Brasil.  
Mariana é conhecida como a primaz de Minas, por ter sido a primeira vila, cidade, bispado e capital de Minas Gerais. No século XVIII, foi uma das maiores cidades produtoras de ouro para o Império Português. Tornou-se a primeira capital mineira por participar de uma disputa onde a Vila que arrecadasse maior quantidade de ouro seria elevada a Cidade sendo a capital da então Capitania de Minas Gerais.

A origem da cidade remonta ao final do século XVII. A região em que hoje se encontra o território das Minas Gerais pertencia à Capitania de Itanhaém, porém encontrava-se completamente sem colonização de origem portuguesa. Assim, sob ordens dos donatários da capitania de Itanhaém, bandeirantes oriundos de Taubaté, primeira cidade do Vale do Paraíba, começaram a explorar o sertão após a Serra da Mantiqueira em busca do ouro. Ainda na segunda metade do século XVII, fundaram o primeiro núcleo colonial em território das futuras Minas Gerais, a considerada primeira vila mineira.

O governador, em cerimônia, escolheu o lugar da praça pública, tendo, no seu centro, o pelourinho, símbolo da autonomia administrativa recém-adquirida. Nos dias seguintes, os "homens bons" se reuniram para a eleição da Câmara e a nomeação de diferentes oficiais municipais. No caso do Carmo, foi escolhido o arraial que conhecia mais forte crescimento, o arraial de Cima. A descrição da cerimônia estipulava que não somente os habitantes do lugar, mas todos que doravante dependeriam da jurisdição do novo distrito, se encarregariam, segundo seus meios, da construção da igreja, da Câmara e da prisão.

Foi desta maneira que foi criada a primeira vila e, posteriormente, a primeira cidade em Minas Gerais. Estavam presentes, segundo o Termo escrito então, as pessoas e moradores principais, assinando o documento, escrito por Manuel Pegado.

A designação de Mariana veio mais tarde, em homenagem à rainha D. Maria Ana de Áustria, esposa do rei D. João V. Em 8 de abril de 1711, o governador do Rio de Janeiro Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho criou, no arraial do Ribeirão do Carmo, a Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, confirmada por Carta Régia de 14 de abril de 1712 com o nome mudado para Vila Real de Nossa Senhora. Mudará de nome outra vez em 23 de abril de 1745 para Cidade Mariana, homenagem do rei dom João V de Portugal a dona Maria Ana de Áustria, sua esposa.

Capela de Santo Antônio - A Capela de Santo Antônio é, possivelmente, a capela mais antiga de Minas Gerais. Localizada em Mariana, às margens do Ribeirão do Carmo, no local onde está construída ocorreu a primeira missa de Minas Gerais, em 1696, como marco do manifesto do ouro em Mariana. A sua construção remonta do século XVII, às margens do Ribeirão do Carmo. Com construção iniciada em 1701 por Salvador Fernandes Furtado, ela foi inicialmente erigida em devoção à Nossa Senhora do Carmo, naquela época sob os domínios do Arcebispado da Bahia. Em 1762, teve os retábulos, púlpitos, arco cruzeiro e porta principal vendidos à Ordem Terceira de São Francisco e, em 1768, foi cedida à Irmandade do Rosário, depois de ser erguida a nova matriz, dedicada à Nossa Senhora da Conceição. A capela permaneceu como local de culto da irmandade do Rosário até 1760, quando se deu a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, com a união entre as irmandades do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. Por isso também é conhecida como Capela do Rosário Velho.

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Depois de se alojar na primitiva Capela de Nossa Senhora do Carmo (atual Capela Santo Antônio) e na Capela São Gonçalo (hoje inexistente), a Ordem Terceira do Carmo obteve permissão por carta régia, datada de 1784, para erguer seu templo definitivo. As obras iniciaram em 1784, tendo como encarregado o mestre pedreiro português Domingos Moreira de Oliveira, cujos sucessores terminaram o templo em 1835.

Mariana fica a 110 km de Belo Horizonte, faz divisa com os municípios de Alvinópolis, Catas Altas, Ouro Preto, Acaiaca, Diogo de Vasconcelos, Piranga, Santa Bárbara.

O mapa está disponível em: 1927_10_MG Município de Mariana  .

© Direitos de autor. 2024: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 16/07/2024