História de Caraguatatuba que se mistura com a do Brasil - Caraguatatuba pode ser considerada uma das cidades mais belas de todo o litoral brasileiro graças às suas belezas naturais. Os primeiros sinais de povoamento surgiram após 1534, quando o rei Dom João III de Portugal dividiu o Brasil em 15 Capitanias Hereditárias e as entregou em regime de hereditariedade a nobres, militares e navegadores ligados à da Corte. O objetivo do reino português era facilitar a administração e acelerar a colonização das recém-ocupadas terras brasileiras.
Foi criada então a Capitania de Santo Amaro, que se estendia da foz do Rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, até Bertioga. Esta porção de terra foi entregue ao navegador Pero Lopes de Sousa, um nobre português de destaque na época.
Mas Caraguatatuba surgiu apenas no século 17, por meio da concessão de Sesmarias -- um instituto jurídico criado pelo Império de Portugal para distribuição de terras a particulares para a produção de alimentos. Nos primeiros anos de 1600 o capitão-mor Gaspar Conqueiro doou a Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge a porção de terra localizada na bacia do Rio Juqueriquerê.
Foi exatamente naquele ponto que a cidade começou a nascer entre 1664 e 1665 que surgiram sinais de povoamento, com a construção dos primeiros prédios, como a pequena igreja de Santo Antônio, santo padroeiro da cidade de Caraguatatuba.
Mas o pequeno povoado foi assolado por diversos surtos, entre eles o mais mortífero ocorreu em 1693. A varíola, conhecida na época por “Bexigas”, dizimou boa parte da população. Os sobreviventes fugiram para as vilas próximas, Ubatuba e São Sebastião.
A doença fez o crescimento retornar à estaca zero, o que atrasou o desenvolvimento do povoado em alguns anos. Após a grande mortandade, o local passou a ser chamado de “Vila que desertou”.
O novo povoado foi elevado à condição de Vila de Santo Antônio de Caraguatatuba em 27 de setembro de 1770, a pedido de Dom Luiz Antônio de Souza Botelho Morgado de Mateus, o então capitão geral da Capitania de São Paulo.
No século 19, mais precisamente em 16 de março de 1847, o presidente da Província de São Paulo, Manuel da Fonseca Lima e Silva, ordenou que a vila passasse a ser denominada Freguesia.
Caraguatatuba recebeu sua emancipação política e administrativa em 20 de abril de 1857.
A população caraguatatubense ainda teve de superar um surto de malária, em 1884, e outro de gripe espanhola, em 1918. As duas epidemias causaram um grande número de mortos.
O ressurgimento e, posteriormente, o crescimento do povoado só veio com a chegada de famílias de estrangeiros, que se instalaram na Fazenda dos Ingleses. A propriedade se estabeleceu em 1927 e trouxe benefícios como o aumento da população, a formação de trabalhadores agrícolas e artesãos, o surgimento do comércio e o crescimento substancial da arrecadação municipal.
O progressismo da Freguesia de Santo Antônio de Caraguatatuba forçou o Governo do Estado de São Paulo a reconhecê-la como Estância Balneária em 30 de novembro de 1947. Sua comarca foi instalada poucos anos depois, em 26 de setembro de 1965.
Os moradores da cidade superaram a catástrofe de 1967, reconstruíram o município até transformá-lo em um polo de desenvolvimento. Caraguá tem boa infraestrutura composta por shoppings, supermercados e lojas. Hoje a cidade é o polo comercial mais importante do Litoral Norte.
Vida da população caiçara na região
Desde o século 17, núcleos de pescadores, agricultores e posseiros foram se formando na região de Caraguatatuba. Moravam próximos à praia e nela construíam os ranchos para guardar canoas e apetrechos de pesca. A cunhagem da canoa, como é conhecida a arte de fazer embarcações de um pau só, ainda pode ser encontrada na região. A tradição, passada de geração a geração de pescadores ensina que as árvores utilizadas são: guapuruvu, figueira parda, figueira limão, jequitibá, ingá e cedro.
As casas eram de pau-a-pique, barreadas em mutirão, cobertas de sapé ou de telhas. O chão sempre de terra batida e varrido com vassoura de cipó timpopeva. As tarimbas (estrados de bambu) das camas eram forradas com esteiras grossas feitas artesanalmente de taboa trançada. Alguns caiçaras usavam fogão a lenha; muitos cozinhavam em tacurubas, conjunto de três pedras no chão onde se equilibrava a panela. A água utilizada para os serviços domésticos era trazida em potes ou latas, de fontes ou de rios. Em volta das casas havia pomar de frutas e horta. Nos sertões, ficava a roça onde plantavam os alimentos necessários para o consumo, entre eles a mandioca da qual se fazia a farinha.
O processo para a produção da farinha constituía-se em: colher a mandioca, raspar, lavar, ralar, prensar, peneirar, fornear e ensacar. A pesca era farta e para conservar o pescado era preciso “escalar” (fazer cortes), salgar e colocar para secar ao sol.
A alimentação diária era peixe com banana verde (azul marinho) e pirão de farinha de mandioca.
Patrimônios Históricos – Praça Dr. Cândido Motta
Os patrimônios situados na Praça Dr. Cândido Motta (a palmeira imperial, a Torneira ou Obelisco, o Relógio do Sol e a Fonte Luminosa) são protegidos pela Lei Municipal de 13 de dezembro de 2006.
PALMEIRA IMPERIAL
Em 1941, juntamente com o término da construção do Grupo Escolar, foram plantadas duas Palmeiras Imperiais, no terreno do antigo Grupo Escolar, hoje Polo Cultural Professora Adaly Coelho Passos, pelo Sr. Francisco D'Onófrio, a pedido do então Prefeito, Bráulio Pereira Barreto. Atualmente, há somente uma palmeira, que mede mais de 20 metros de altura e é apreciada por quem passa pelo local. A outra, localizada na esquina com a rua Paul Harris, caiu às 9h30 do dia 15 de março de 2010, devido às fortes ventanias em dois dias seguidos (o conhecido Vento Noroeste), que segundo o CPTEC Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) chegaram há 120km/h.
IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO
Dentre os patrimônios localizados na Praça Dr. Cândido Motta, o mais significativo e representativo de sua perenidade é a igreja Matriz de Santo Antônio, iniciada como capela, no século 17. As festas e todas as atividades de caráter religioso eram realizadas no largo da Matriz. Desde o final do século 17, a igreja Matriz vem passando por transformações, como reformas e embelezamentos, para melhor atender seus fiéis. Da mesma maneira, para não destoar, a praça recebe periodicamente, benfeitorias como ajardinamento com passeios, pinturas, calçamentos e iluminação.
OBELISCO TORNEIRA
Na mesma Praça encontra-se um dos mais característicos monumentos da cidade, primeiro da fase republicana e um dos mais significativos para os que aqui residem. Um obelisco, marco inicial de uma nova fase de saneamento básico em Caraguatatuba, com distribuição de água encanada, ainda que não tratada, cuja inauguração deu-se pelo Presidente do Estado de São Paulo, Altino Arantes, em 1919, em visita ao Litoral Norte Paulista. A partir de então, os costumes da cidade passaram por uma revolução: “as latas de banha” usadas no transporte de água para as residências foram sendo substituídas pelas torneiras domésticas.
MONUMENTO 1º CENTENÁRIO - RELÓGIO DO SOL
O monumento fez parte das comemorações do primeiro centenário da cidade. Foi encomendado ao engenheiro Accacio Villalva, um monumento que impusesse a evocação visual imediata de quão importante o caraguatatubense sentia-se naquele ano de 1957. Foi construído um outro Obelisco, cuja base apresenta forma de agulha, medindo três metros e meio de altura. Nele, o sol determina a serenidade das horas em Caraguá.
CORETO DA PRAÇA
O primeiro coreto foi construído na década de 1930 por Dona Belmira Nepomuceno. A pracinha necessitava de um espaço para as apresentações dos festejos populares. Em 1971, na gestão do então Prefeito Silvio Luiz dos Santos, o antigo coreto foi demolido e substituído por um novo. Em 2005, foi reformado ganhando um novo visual. Toda a reforma teve como objetivo preservar um dos mais importantes patrimônios históricos da cidade que durante décadas tem sido o local de encontro da comunidade, onde ocorrem muitos eventos culturais, como a apresentação da Banda Municipal Carlos Gomes.
FONTE LUMINOSA
Com o objetivo de dar continuidade à vocação turística da cidade, cogitou-se a construção de uma fonte luminosa, a exemplo de tantas cidades do interior do Estado de São Paulo. A fonte luminosa foi inaugurada na década de 60, pelo então prefeito Geraldo Nogueira da Silva, o “Boneca”, que a idealizou com suas águas lançadas a muitos metros de altura, dançando ao compasso das notas musicais, colorindo-se de acordo com as emoções proporcionadas pela sinfonia dos clássicos.
Visitei a Estância Balneária de Caraguatatuba em junho de 2014, valeu a pena.